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A caixa de madeira. Favi, França.

15 Abril 2020

Caso 3

“Quando confrontado com decisões difíceis e críticas na FAVI, Jean-François Zobrist sentiu que precisava de ajuda para encontrar uma boa resposta. Por impulso, caminhou pelo chão da fábrica e pediu aos operadores que parassem as suas máquinas. Depois, subiu para uma caixa de madeira e partilhou o problema com os colaboradores, tentando descobrir uma linha de acção”.

A primeira grande crise sob a sua liderança ocorreu em 1990, quando as encomendas de automóveis caíram na sequência da primeira Guerra do Golfo. Os stocks estavam a acumular-se e simplesmente não havia trabalho suficiente para manter os trabalhadores ocupados. A produção e os custos precisavam de ser reduzidos. Havia uma solução óbvia: despedir trabalhadores temporários. Mas na FAVI sempre defendeu que ninguém era realmente considerado um “temporário”. Devido à legislação laboral francesa, as novas admissões eram contratadas como trabalhadores temporários durante 18 meses, antes de lhes ser oferecido um contrato sem termo. Mas a política da empresa sempre foi considerar os temporários e fazê-los sentir como membros efetivos das suas equipas”.

“Ao despedir os temporários, a FAVI não cessaria apenas estes contratos de trabalho, quebraria o contrato psicológico com todos os seus colaboradores  e perdia o talento em que tinha investido, quando a recuperação poderia estar apenas a alguns meses de distância. Com muitas perguntas e sem respostas claras, Zobrist decidiu partilhar o seu dilema com todos os trabalhadores desse turno (incluindo os trabalhadores temporários cujo destino estava a ser discutido). As pessoas gritaram perguntas e propostas. Um trabalhador disse: “Este mês, porque não trabalhamos todos apenas três semanas e recebemos três semanas de salário, e mantemos os trabalhadores temporários? Se for necessário, faremos o mesmo no próximo mês também”. Os chefes acenaram com a cabeça, e a proposta foi posta a votação. Para surpresa de Zobrist, houve um acordo unânime. Os trabalhadores tinham acabado de concordar com uma redução temporária de 25% dos salários”.

“Em menos de uma hora, o problema foi resolvido e o ruído das máquinas voltou a reverberar em torno da fábrica. A capacidade de Zobrist de manter o seu medo sob controlo abriu caminho para uma abordagem radicalmente mais produtiva e fortalecedora, e mostrou que é possível confrontar os trabalhadores com um problema grave e deixá-los auto-organizar a sua saída”.

Frederic Laloux partilhou esta história no seu livro Reinventing Organizations

About the Author

Lúcio Lampreia

Co-founder of unexpected, in his previous experience he was Operations Manager of Tracy Human Performance and General Manager of Egor Consulting. He holds regular speaking engagements for national conferences and clients’ events for the topics of organizational change and leadership. His work had dedicated programmes in national leading radio (TSF) and TV (SIC Notícias, SIC Mulher) channels. He is regularly interviewed as a leadership expert in the Portuguese HR press and he is also the author of the book MUDE (Change yourself before the market changes you) recently published by LEYA the major Publisher Group in Portugal. In his consultancy activity, he directly trained over 20.000 managers in Portugal, Brazil, Spain, Italy, Mexico, Angola and Check Republic. Lucio holds accreditations as Professional Certified Coach, Situational Leadership and Self Leadership by Ken Blanchard, and Complex Sales. He is a Mind Gym coach since 2006 and collaborates with MAST and Maximum Performance International as trainer for international projects.